PayFi nos Emirados Árabes Unidos: Análise dos riscos de conformidade empresarial

Autor original: Huang Wenjing

Introdução

Na era em que a vaga da Web 3 varre o mundo, PayFi (Payment Finance, conceito inicialmente proposto pela presidente da Solana Foundation, Lily Liu, em 2024) surge como uma via inovadora que liga os pagamentos tradicionais à tecnologia blockchain, remodelando rapidamente o panorama dos pagamentos transfronteiriços. Imagine: utilizadores a recorrer à tecnologia blockchain para transferências globais instantâneas e de baixo custo, sem intermediários bancários, mas com a garantia de valor dos Stablecoins. Isto não é apenas uma evolução tecnológica, é o prenúncio da democratização financeira.

Os Emirados Árabes Unidos, enquanto centro da Web 3 no Médio Oriente, com destaque para a VARA (Autoridade Reguladora de Ativos Virtuais) no Dubai e a ADGM (Mercado Global de Abu Dhabi) em Abu Dhabi, construíram um dos quadros regulatórios mais avançados e favoráveis à encriptação a nível mundial. Contudo, para empreendedores e investidores que visam o mercado dos Emirados Árabes Unidos (UAE), o fascínio do PayFi esconde “zonas de perigo” invisíveis — riscos de conformidade operacional. Tal como em qualquer mercado emergente, o efeito “dupla face” da regulação é evidente: grandes oportunidades, mas custos elevados em caso de incumprimento.

No primeiro semestre de 2025, o Banco Central dos Emirados Árabes Unidos (CBUAE), devido ao incumprimento das obrigações de AML/CFT (Anti-Lavagem de Dinheiro/Combate ao Financiamento do Terrorismo), aplicou multas superiores a AED 20 milhões (cerca de USD 5,4 milhões) a várias instituições de pagamento.

Este artigo, com o mote “identificar riscos, oferecer soluções”, analisa sistematicamente os riscos de conformidade operacional do PayFi nos Emirados Árabes Unidos. Combinando as mais recentes dinâmicas regulatórias e casos reais, desmontamos cada camada; o objetivo é identificar as “linhas vermelhas” e fornecer estratégias e ideias para mitigação de riscos.

PayFi — do conceito à oportunidade global no oásis do deserto

# 1.1 O que é PayFi? Porque é que “explode” em 2025?

PayFi é o ramo de pagamentos das Finanças Descentralizadas (DeFi), focando-se na utilização de blockchain e contratos inteligentes para otimizar os elementos essenciais dos pagamentos: velocidade, segurança e inclusão. Ao contrário dos pagamentos tradicionais (como o sistema SWIFT, onde uma transferência internacional demora em média 3-5 dias), o PayFi recorre a Stablecoins (como USDT, USDC) ou protocolos de pagamento algorítmicos para Liquidação quase em tempo real. Exemplos típicos incluem:

  • Remessas transfronteiriças: serviços de transferência instantânea para comércio internacional e trabalhadores migrantes.
  • Pagamentos de comerciantes: integração de gateways de pagamento encriptados em plataformas de e-commerce.
  • Finanças embutidas: conversão fluida de ativos virtuais em jogos Web 3.

A Messari estima que o objetivo de Liquidez do PayFi atinja USD 200-250 milhões, com forte tendência de subida. O sucesso do PayFi reside na resolução eficaz de problemas: elevada fricção dos pagamentos tradicionais (perda de 5-7% na Taxa de câmbio) e barreiras regulatórias/setoriais. O design desintermediado do PayFi torna-o a escolha preferida das economias emergentes — por exemplo, a revolução dos pagamentos móveis em África já avançou significativamente graças ao blockchain.

# 1.2 Emirados Árabes Unidos: “Costa dourada” do PayFi ou “labirinto regulatório”?

Porque é que os Emirados Árabes Unidos são tão apetecíveis para o PayFi? A resposta está no seu posicionamento estratégico. Como país que recuperou o estatuto na lista branca da FATF (em 2024) e membro do G20+, prevê-se que a economia digital represente 20% do PIB dos Emirados em 2025. O Web 3 Festival PayFi Summit, em abril, aumentou ainda mais o entusiasmo do mercado, e o plano Vision 2031 do Dubai pretende tornar os ativos virtuais numa indústria-chave, com gigantes como Huma Finance e Athar Finance a atingirem marcos de negócio em 2025.

Oportunidades concretas:

  • Paraíso fiscal: imposto sobre empresas de apenas 9% (desde 2023), transações encriptadas isentas de IVA.
  • Mecanismo de sandbox: a Innovation Testing License da VARA permite testar projetos em “ambiente controlado” durante 6-12 meses, sem necessidade de licença completa.
  • Infraestrutura: a ADGM em Abu Dhabi apoia Fiat-Referenced Tokens (FRT, tokens referenciados em moeda fiduciária), respondendo perfeitamente à necessidade de pagamentos estáveis do PayFi.
  • Talento e capital: em 2025, o financiamento de startups encriptadas nos Emirados ultrapassou USD 1 bilião, com investidores do Médio Oriente a representarem 40%.
  • Exploração regulatória: a última proposta da DIFC elimina o limite de investimento de fundos em cripto, Informação favorável ao PayFi embutido em fundos.

Comparando com 2024, os Emirados passaram de “paraíso encriptado” a “laboratório PayFi”, mas não se entusiasme demasiado. O país tem uma arquitetura de conformidade em “três camadas: federal + emirado + zona franca”, e o negócio PayFi pode tocar simultaneamente na lei de pagamentos do CBUAE e nas regras de ativos virtuais da VARA. Um deslize pode resultar em “surpresas múltiplas” de diferentes reguladores.

Quadro regulatório do PayFi nos Emirados — quem “guarda a porta”?

O sistema regulatório dos Emirados é uma rede precisa, cobrindo toda a cadeia desde pagamentos tradicionais até à inovação blockchain. Em 2025, com a entrada em vigor da nova lei do CBUAE, os projetos PayFi enfrentam o desafio de um quadro unificado, desdobrado da seguinte forma:

# 2.1 Principais reguladores e respetivas funções

A regulação do PayFi nos Emirados segue um modelo de “divisão e conquista”, com quatro pilares principais:

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Dica: Se é uma startup PayFi, a primeira escolha é a VARA — cobre cerca de 90% das atividades de ativos virtuais, com um ciclo de aprovação de apenas 3-6 meses. Mas negócios interzonais (como emissão de FRT na ADGM) exigem dupla registo, para evitar “vazio jurisdicional”.

# 2.2 Requisitos de licença: do “básico” ao “pacote completo”

PayFi não é “plug and play”. Segundo as 7 categorias de licença VASP da VARA, negócios de pagamento exigem pelo menos dupla licença Advisory+Payment Services. Os requisitos incluem:

1. Capital mínimo: AED 100.000 (cerca de USD 27.000), projetos de alto risco até AED 1.000.0001.

2. Sistema de AML e Controlo de risco: cumprimento das obrigações de AML e “Travel Rule”, monitorização e reporte de Negociação conforme exigido.

3. Auditoria técnica: os Nós blockchain devem ser verificados tecnicamente para prevenir ataques maliciosos.

4. Localização: pelo menos um gestor residente nos Emirados, escritório em Dubai.

Mas atenção: sandbox ≠ isenção, violações durante o período de teste são punidas a partir de AED 500.000.

# 2.3 Integração global: impacto “transbordante” da FATF e MiCA

A regulação dos Emirados não é isolada. Em 2025, as orientações da FATF para VASPs exigem que as plataformas PayFi rastreiem todo o percurso das Negociação na cadeia, já totalmente adotado pelos Emirados. O MiCA (Mercados de Cripto-Ativos) da UE também tem impacto indireto: comerciantes dos Emirados que aceitem Stablecoins em euros devem cumprir requisitos de divulgação de reservas.

Este quadro mostra que a regulação nos Emirados é uma arte de equilíbrio entre “inovação amigável + tolerância zero ao risco”. De seguida, analisamos os riscos de conformidade operacional.

Análise de riscos de conformidade — casos práticos como “alerta”

# 3.1 Risco 1: Monitorização insuficiente de AML/CFT — o “buraco negro” da Lavagem de dinheiro

Interpretação: Segundo as diretrizes AML do CBUAE, as plataformas PayFi devem adotar uma abordagem baseada no risco para cumprir as obrigações de anti-Lavagem de dinheiro, incluindo diligência de cliente (CDD), monitorização de Negociação e reporte de Negociação suspeitas (STR). A primeira infração pode resultar em multa de AED 5 milhões, e casos graves levam à revogação da licença.

Análise de caso: Falha de AML na plataforma Fuze

Em agosto de 2025, a VARA multou a plataforma de pagamentos encriptados Fuze, registada no Dubai, por graves falhas no sistema AML/CFT, incluindo monitorização ineficaz de Negociação de alto risco e reporte tardio de atividades suspeitas, criando vulnerabilidades para Lavagem de dinheiro. A Fuze, como VASP que oferece pagamentos em Stablecoin, processa milhões de dólares por mês, mas falhou na diligência de cliente. Após investigação, a VARA aplicou multa de valor não divulgado e nomeou um “Skilled Person” independente para supervisionar a correção, exigindo que a plataforma resolvesse as lacunas de Controlo de risco em 3 meses.

# 3.2 Risco 2: Violação de licença e operação — o “conduzir sem carta” fatal

Interpretação: O artigo 15 da Lei No. 4/2022 da VARA estipula que qualquer atividade VASP requer licença prévia, sendo “operação ilegal” sem aprovação. A ADGM exige registo prévio para emissão de FRT, caso contrário é considerado violação.

Análise de caso: “varredura” coletiva da VARA a 19 VASPs

No início de outubro de 2025, a VARA lançou uma ação contra 19 prestadores de serviços de pagamento encriptado e ativos virtuais que operavam sem licença, muitos ligados a transferências de Stablecoin e atividades de marketing PayFi, promovendo serviços em Dubai sem licença VASP. Uma empresa típica operou ilegalmente durante meses, atraindo mais de mil investidores de retalho. A VARA emitiu ordens de cessação e multas entre AED 100.000 e 600.000 (totalizando mais de AED 5 milhões), e algumas empresas foram sujeitas a auditoria de conformidade independente.

# 3.3 Risco 4: Privacidade de dados e cibersegurança — “Hacker + fuga” em dose dupla

Interpretação: A lei de proteção de dados da DIFC (PDPL, 2021) exige que o PayFi obtenha consentimento para tratar dados pessoais e reporte qualquer incidente de segurança de dados. As regras FRVA da VARA introduzem padrões de resiliência CYBER: a plataforma deve ser sujeita a testes de penetração para prevenir DDOS. A multa pode chegar a AED 10 milhões.

Análise de caso: escândalo de fuga de privacidade em plataforma registada na DIFC

Em meados de 2024, uma plataforma FinTech de pagamentos registada na DIFC (com serviço de carteira encriptada) sofreu um ataque de phishing que expôs dados de cerca de 50.000 utilizadores, incluindo histórico de Negociação e informações KYC, levando a uma onda de fraudes subsequentes. A DFSA descobriu que a plataforma não implementou autenticação multifator (MFA) nem armazenamento encriptado, violando a obrigação de reporte de incidentes de dados do artigo 28 do PDPL. A plataforma foi multada em AED 4 milhões e obrigada a suspender operações por 3 meses, com ações coletivas de utilizadores a amplificarem as perdas.

# 3.4 Risco 4: Sanções e conformidade transfronteiriça — “minas geopolíticas” inesperadas

Interpretação: O CBUAE atua em conjunto com a OFAC, exigindo que o PayFi cumpra as sanções e implemente partilha e verificação de informações da Travel Rule.

Análise de caso: multa conjunta CBUAE-OFAC a banco dos Emirados

Em julho de 2025, o CBUAE multou um banco dos Emirados não identificado em AED 3 milhões por processar transferências de Stablecoin ligadas a jurisdições de alto risco (suspeita de ligação ao Irão), sem aplicar rastreio de sanções da OFAC nem partilha da Travel Rule, criando falhas de conformidade transfronteiriça. O canal de pagamentos encriptados do banco destinava-se a remessas legais MENA, mas devido à monitorização deficiente foi alvo de investigação, com parte dos ativos congelados e período de correção de 6 meses.

Guia prático de mitigação de riscos — de “reação passiva” a “proteção ativa”

A lei não é uma prisão, mas sim um escudo sólido para o desenvolvimento sustentável da operação em conformidade. Com base nos riscos acima, empreendedores (equipa do projeto) e investidores (LP/VC) têm diferentes focos na identificação e mitigação de riscos, resumidos da seguinte forma:

# 4.1 Quadro geral de mitigação: construir o “ciclo fechado de conformidade”

1. Avaliação de risco inicial: antes do lançamento/investimento, realizar auditoria de conformidade cobrindo sustentabilidade do modelo de negócio, Controlo de risco e segurança técnica.

2. Internalização de políticas: criar manuais de conformidade, formar a equipa antecipadamente e fomentar cultura de conformidade.

3. Capacitação tecnológica: integrar ferramentas eficazes de monitorização na cadeia, reforçando a mitigação de riscos.

4. Monitorização contínua: avaliar e atualizar regularmente a eficácia de todo o processo de identificação, monitorização e mitigação de riscos.

# 4.2 Para empreendedores: cinco passos para implementação do projeto

Passo 1: Planeamento do percurso de licenciamento

  • Avaliar jurisdição: por exemplo, para PayFi em Dubai, escolher VARA.
  • Planeamento do negócio: usar sandbox como ponte, migrar para licença completa após testes.

Passo 2: Três linhas de defesa de conformidade e Controlo de risco

  • Construir equipa adequada à escala do negócio.
  • Utilizar sistemas de informação para monitorização automática de riscos.

Passo 3: “Firewall” de rastreio de sanções

  • Implementar rastreio de conformidade de sanções inicial e contínuo para clientes.
  • Evitar pontos de exposição suscetíveis a “jurisdição extraterritorial”.

Passo 4: Fortalezas de dados e segurança

  • Adotar configurações avançadas de segurança da informação e proteção de dados.
  • Realizar testes de disponibilidade e penetração regularmente para garantir conformidade dinâmica.

# 4.3 Para investidores: sistema de “semáforo” na due diligence

Não olhe apenas para o White Paper — a conformidade é a chave para o ALPHA (Retorno superior).

  1. Triagem inicial: verificar estado de licença na VARA ou outros reguladores por canais oficiais. Verde: licença completa; vermelho: apenas alegação da equipa do projeto.

  2. Due diligence aprofundada: realizada por entidades especializadas, analisando dados e relatórios.

  3. Classificação de risco: avaliar riscos conforme o tipo de negócio/produto.

  4. Mecanismo de saída: cláusulas de conformidade nos contratos (violação implica resgate).

Conformidade em primeiro lugar: o caminho do PayFi no Médio Oriente

O negócio PayFi nos Emirados está a evoluir rapidamente, entrando numa fase de regulação institucionalizada e normalizada. Em 2025, o Banco Central dos Emirados e a VARA reforçaram os mecanismos de AML/CFT e de aprovação de licenças, estabelecendo limites claros de conformidade através de casos exemplares.

A VARA, em agosto de 2025, sancionou a plataforma de pagamentos encriptados Fuze por falhas no sistema de anti-Lavagem de dinheiro, e em outubro multou coletivamente 19 prestadores de serviços de ativos virtuais por operação sem licença, demonstrando tolerância zero a “operações sem licença” e lacunas de Controlo de risco. Estas medidas refletem a orientação para o risco e o princípio da proporcionalidade na regulação de ativos virtuais nos Emirados, oferecendo ao PayFi um quadro legal previsível.

No futuro, empresas PayFi que pretendam operar a longo prazo nos Emirados devem solicitar licenças e incorporar mecanismos de avaliação de conformidade desde o planeamento inicial, garantindo que todos os processos — pedido de licença, diligência de cliente, proteção de dados e rastreio de sanções — cumprem os padrões locais e internacionais.

O endurecimento da regulação não limita a inovação, mas estabelece confiança de mercado e segurança de capital através do Estado de Direito. É previsível que os Emirados continuem a promover a legalização e transparência do sistema de pagamentos de ativos virtuais sob o princípio de “inovação aberta, regulação prudente”, servindo de exemplo para a ordem financeira digital regional.

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